Fim de semana de Fagulhas
Data: 22-24 de Março 2024
Local: Muge
Destinatários: Fagulhas
Nos passados dias 22, 23 e 24 deste mês de março, tivemos o nosso tão esperado fim de semana de Fagulhas.
Saímos as 19h no autocarro mais animado da Península ibérica onde a animação e alegria enchiam o ar.
Foi a primeira vez que estive em candeia com o cenário campo de férias como pano de fundo, e começou, logo de início por contrariar as minhas expectativas. Eu vinda da correria do habitual, direta da faculdade e com um código de direito comercial como principal companheiro do meu dia, esperava ter de “convencer” os fagulhas a querer fazer aquele fim de semana, como eu precisava que fizessem comigo quando tinha a idade deles. Depressa percebi que nada disso era preciso. As perguntas eram muitas, a inquietação e a vontade de conhecer o que aí vinha ainda mais, mas a vontade e a alegria de viver aquele fim de semana enchiam de cor o autocarro. Um dos fagulhas disse me assim que chegamos “os últimos dois dias nunca mais passavam! parecia que o dia de hoje nunca mais chegava, o tempo estava a passar mesmo devagar porque já sabia que vinha para aqui!” e depressa esqueci-me da confusão, de lisboa e de direito comercial e comecei a partilhar a vontade dos miúdos de me entregar àquele fim de semana e à magia que é ser Candeia.
Chegámos a Muge, que já se tinha tornado o reino da Mugigueira e entramos na história daquele reinado, que cada fagulha rapidamente tornou seu.
Divididos em 5 bairros com identidade própria, construídos por cada equipa e com a impressão digital de cada fagulha e animador, fomos nos tornando verdadeiros membros daquele reino. O fim de semana envolveu um grande mistério e todos mergulhamos num romance da Agatha Christie onde cada fagulha encarnou a personagem tal e qual Poirot. O rei estava morto e do culpado nem sinal. As dúvidas e suspeitas instalaram se no reino, e a discórdia separava os bairros entre si, que se uniam, num espírito de equipa capaz de invejar qualquer seleção, na procura da verdade.
Mas o que começou em discórdia acabou em união, e acabou na conclusão de que a verdade, afinal mais não era, que só cuidando os bairros uns dos outros conseguiriam descobrir o verdadeiro culpado.
Neste fim de semana, liderado pelo lema “cuidar faz nascer de novo”, aprendi o verdadeiro significado da palavra cuidar. Lembro-me de pensar antes de o fazer, que seria difícil criar relação e ganhar a confiança, em tão pouco tempo, de fagulhas que eu não conhecia. Lembro-me de achar que não haveria tempo para acontecer um “ponto de viragem”. Mas o que acabou por se demonstrar, foi que, pondo nos disponíveis, atentos e despidos de máscaras e preocupações que nos impedem de ser nós próprios no dia-a-dia, rapidamente nos damos a conhecer e rapidamente criamos relação. E que cada fagulha, nos ensina a saber dar um bocadinho mais de nós, saber ter um olhar atento e saber aceitar que somos, de facto, vulneráveis. Acho que a definição mais comum que aparece nos dicionários de cuidar é “tratar de alguém, garantindo o seu bem-estar, segurança (…). Porém, na Candeia, “cuidar” transcende o garantir o bem-estar de alguém, passando a ser também ter um olhar atento, verdadeiro, compreensivo e portador de alegria. A alegria é missionária (como disse o Papa Francisco nas jornadas), e espero que a Candeia continue a ser portadora de tanta para a vida de tantos (como já foi para mim). Um enorme obrigada!
~Marta Queiroz Aires