Fim-de-Semana de Fogueiras
Data: 28 de Fevereiro a 01 de Março de 2020
Local: Casa Mãe do Gradil
Destinatários: Fogueiras
“Já tinha saudades de ser Equipa!!! Ser Liberum? espetacular! Mas já estava demasiado acomodado.
Ser o tapa buracos, ter a liberdade de criar loucura e entrega onde não havia nada, de fazer aparecer planos à medida do que está a acontecer para potenciar os momentos, de fazer com que cada um possa experimentar ser o centro, de ser o ‘pop!’ da rolha de champanhe quando já se sente no ar que todos querem celebrar mas ninguém quer ser o primeiro a perder a compostura, o ser para todos a toda e a qualquer a hora… o trabalhar para ter a certeza de que uma nota faz nascer um coro, um gesto desencadeia um aplauso, uma loucura traz quem nos suporte e uma partilha acende relações. Isto é o que foi o meu ideal, o que tentei fazer com aquilo que tenho para dar. Se o consegui, cada um será juiz.
Muitas vezes, a minha exigência neste querer ser tudo para todos, tirou-me o foco do que realmente importava – ser alguma coisa para alguém – ter momentos de qualidade com as pessoas que estavam ao meu redor. Claro que quando me faltaram estes momentos, comecei a sentir-me sozinho e exasperado – sentia que o mais que fizesse nunca era suficiente. Cheguei a acomodar-me na ideia de que a minha missão era ter uma roda com música e aplausos – barulho!… Quão pouco se acredita quando se está sozinho no meio de tanta gente. Creio que não há pior deserto que estar sozinho numa “equipa”. Este foi o meu fosso na Candeia, sentir que em campos de férias era dos poucos que não estava a fazer férias. E fui fraco; e tenho vergonha; porque perante repreensões e desprezo ao tentar puxar um pouco mais por cada um, acabei por me deixar ficar de férias – a fazer barulho na roda.
Mas depois de todo este comodismo e conformismo, valeu a pena voltar a experimentar estar numa equipa. Foi completamente revigorante perceber que quando há espírito e exemplo de equipa, até os Fogueiras entram na ressonância positiva de puxar o melhor de cada um.
Ao ser convidado para o fim-de-semana, ia ser Liberum. Mas gestões de alto nível forçaram vários constrangimentos e, ao chegar ao fim-de-semana, foi-me entregue uma equipa de Fogueiras. Fiquei preocupado, desconfortável, nervoso – não sabia o que havia de fazer se a minha equipa não gostasse de mim ou se eu não gostasse deles – tal como se fosse a minha primeira experiência na Candeia! Disse para mim próprio o que costumo dizer (quase levianamente) a animadores de primeira viagem: “Não estás nisto sozinho!”. E de facto não estive!!
Quando as pessoas são escolhidas para preencher ‘funções’, é fácil que à primeira falha (ou algo que o pareça) todos ataquem o “falhado”. Mas se as pessoas são escolhidas por formarem uma equipa, o efeito de amplificação do bom que há em cada um, é sempre tão maior, que não deixa que algum erro individual derrube toda a equipa.
Durante os jogos pude sempre contar com outr@ Animador/equipa a prevaricar a minha equipa. Aqui, ver cada um dar o seu melhor e reconhecer as próprias fraquezas incentivou a minha equipa a tentar dar o melhor quando outro membro começava a chegar ao seu limite.
Durante os tempos mortos tive sempre uma mamã/tia/adjunta a sugerir coisas fofinhas que a minha equipa podia fazer a alguém, a cuidar dos Fogueiras e a cuidar de mim. Nos tempos de roda aprendi aplausos novos e lembrei-me de outros que não fazia há anos!
Por não haver um responsável por manter o entretenimento, cada animador, sentiu a necessidade de trazer a animação que carateriza a Candeia. Assim, tive espaço para estar atento ao que os outros animadores faziam, para reagir aos outros animadores e para estar com a minha equipa e perceber como podia fazer com que cada um deles experimentasse aquilo que eu tanto amo na Candeia: Dar TUDO! E antes que reparasse nisso, estava de volta à roda de guitarra em punho porque já era toda a equipa que repetia também em mim o que lhes tinha sido mostrado: desacomodar os outros para puxar pelo seu melhor.
No final de tudo, o que se dá e o que se ganha? Sempre o exemplo e a experiência de como é que se vive com cada pessoa. Por isso tenho a agradecer a esta equipa (Animadores e Fogueiras) por me mostrar que o meu melhor só me sai quando abro espaço às relações para poder fazer parte de uma equipa!”
Jorge Sabino