Ser Tia: fim-de-semana de Fagulhas 2019
Há dois anos que acompanho os Fagulhas – entre campos, atividades, festas, o meu papel sempre foi o mesmo: fazê-los rir ao fazer de mim própria um deles. Neste sentido, desempenhar o papel de Tia foi um enorme desafio, não só por toda a logística pré-campo que, enquanto animadores de equipa, nos passa um bocado ao lado, mas essencialmente pelo medo de não corresponder ao exemplo que carrega a figura de Tia.
A minha experiência na Candeia é a grande culpada da minha forma de pensar. Sempre animei ao lado de “Tias” que resolviam os problemas. Num momento mais stressante ou na hora em que a roda mais precisava de animação, aparecia sempre uma Tia para, subtilmente, resolver os problemas. Admirava a calma e a ponderação, e tinha a certeza de que, enquanto animadora palhaça, enérgica e sempre a última a acordar, o meu papel não passaria por ali.
Acontece que, o que verdadeiramente falhou, foi a forma de eu interpretar o campo. O que retirei da experiência como Tia não foi a organização dos horários de cozinha ou a facilidade em acordar cedo e cumprir horários – até porque claro, consegui adormecer ainda assim. O que este fim-de-semana me fez perceber foi que, na Candeia, existe uma equipa e não papéis. Estes variam, claro, e são por vezes mais físicos, mais interativos ou carregam mais responsabilidade, mas, no fundo, cada um leva uma parte de outro. Existem tarefas a ser cumpridas, claro, e cada um deve fazê-lo de forma a que o dia vá para a frente. No entanto, é pelo amor aos nossos fagulhas e pela presença de Deus que tudo flui. Se lavar a loiça durante uma hora é um programa giro para fazer hoje em casa? Não, mas a magia de campo e o sentido de equipa (nosso e deles) faz com que seja tão divertido fazê-lo como brincar no rio e fazer croquetes de terra.
Joana Gonçalves, Tia