João foi apadrinhado pela tia com quem vivia

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João foi apadrinhado pela tia com quem vivia

Em novembro de 2012, o Tribunal Judicial de Arouca homologou o pedido de apadrinhamento civil de João, que frequentava o 7.º ano, por parte da sua tia. A proposta partiu da Comissão de Proteção de Crianças de Arouca, porque a mãe não reunia condições nem competências parentais para cuidar do menor. João já vivia com a tia e a mãe concordou. A criança demonstrou vontade em ficar aos cuidados da tia.

Dois irmãos ficaram com família de acolhimento

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Dois irmãos ficaram com família de acolhimento

Duas crianças, nascidas com síndrome fetal alcoólico, filhas de um casal de 30 anos, numa relação pautada por violência doméstica e consumos de álcool, viviam numa casa sem água nem luz. Os irmãos, de 5 meses e 4 anos, foram colocados numa família de acolhimento, em 2006. Mantinham contactos com os pais até a mãe falecer e o pai ser preso. Em 2012, foram apadrinhados pela família de acolhimento, que identificavam como figuras paternas, com a aprovação do pai.

O DIA EM QUE A TANICA CHEGOU A CASA

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Já contei esta história mas adoro e vou repetir. Que se lixe.
Depois de ter vindo cá jantar naquele dia, meses antes, sabíamos os três que ela tinha de vir para casa e que era nossa. Não há grande razão para explicar, mas só por si a coisa fazia sentido. Tal como não avisamos ninguém antes de “fabricar” um filho, não avisamos ninguém até decidirmos com ela que ia ser assim.
Tivemos medo que ela não quisesse, mas família que ainda não existia já estava toda lá e o sim dela foi tão rápido como a nossa vontade.

Passou o Natal ainda fora, depois o Zé esteve no hospital com uma bronquiolite, andámos a fazer pistas e, finalmente, quando chegámos à meta marcámos a mudança para um dia ou dois depois.

Tirei a tarde sobre o pretexto de que estava enjoada e estava mesmo. Não imaginava o trabalho que tinha pela frente, mas num misto de excitação e nervosismo vim para casa em “trabalho de parto”. A loucura tomou conta de mim e sendo que não tinha nada de novo no quarto decidi pintar tudo de branco para ficar limpinho. Pé a fundo para a drogaria e pedi a tinta que secasse mais rápido. Voltei com baldes e pincéis para a empreitada: tinha a cama que a Rita do trabalho logo que soube me deu, o armário de costuras da minha avó e as coisas que rapei pela casa para compor o quarto. Quarto esse que era, até ali, arrumos de tudo e uma árvore de Natal. Pinta, pinta, pinta e não desiste. Cama, armário e no meio da empreitada apareceu a minha Rafa que soube que estava em afazeres e quis ajudar. Quando a Tanica chegou estávamos as duas de pantanas a orientar o quarto. O Zé Duarte tinha meses e por isso a liberdade da licença.

Foi o Francisco, irmão da Niini, que a trouxe. Tinha poucos sacos, uma guitarra e raquetes de tênis. Vinha contente e acho que contente por ver que lhe estava a montar uma coisa só dela.

O Joka chegou mais cedo do trabalho e abraçou aquilo tudo. Jantámos à mesa como o sonho que começou ali meses antes.

Apesar do meu optimismo, era óbvio que a tinta não ia secar a tempo, mas a vida que acontece fora dos planos tantas vezes é melhor e assim dormiram melhor todos juntos. Apertadinhos mas juntos. Foi assim nos dias seguintes, e sempre que há trovoada ou saudades ainda é.

Hoje temos mais um Xavier, uma Belém e a casa teve de ser aumentada. Mas foi por esta altura o meu parto da Tanica e gosto de lembrar a confusão boa desse dia.

Foi há 4 anos mas parece que foi há 20. Estranho não ser. Hoje não há dúvidas, não podia ser de outra maneira. Mesmo com os raspanetes que tenho às vezes de dar e me custam claramente mais a mim.

Na foto a nino, amiga da casa a quem tenho que agradecer ter tomado conta da minha Tanica aquelas semanas antes.

 

Rosa Amado

http://amadosrock.blogspot.com/2018/01/dia-em-que-tanica-chegou-casa.html

Apadrinhamento civil – como tudo aconteceu

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Peço desculpa por ter estado tanto tempo sem escrever. Imagino que há pessoas que se interessam pela temática do apadrinhamento civil e por isso considero importante publicar a nossa jornada, protegendo sempre a identidade dos envolvidos, para que outros se inspirem para as suas próprias jornadas.

Ora bem, como vos demos conta, no ano passado chegámos a iniciar uma relação com uma jovem, com vista a apadrinhá-la civilmente. Era uma rapariga muito inteligente, boa aluna e educada. Tinha os seus desafios, também, em particular, era uma miúda que quando se sentia triste, fugia. Por exemplo, em vez de ir para a escola, se estivesse deprimida, simplesmente ia enfiar-se num sítio qualquer a chorar. Não sabemos se teríamos conseguido resolver ou pelo menos melhorar o seu bem estar. Passado pouco tempo do nosso convívio, a jovem disse-nos que não queria o apadrinhamento e que existia alguém da sua família biológica que afinal ia ficar com ela. Ficámos amigos e de vez em quando ainda saímos juntos ou trocamos mensagens. Foi muito triste para nós, porque vemos com apreensão o caminho que ela escolheu, mas um apadrinhamento civil não pode ser forçado, tem de haver vontade de todos os envolvidos.

Bom, decorridos alguns meses, conhecemos um menino que vive numa instituição. Tinha 10 anos (agora já tem 11) e temos convivido juntos desde então. Não posso deixar de vos dizer como tem sido uma experiência maravilhosa! Divertimo-nos tanto juntos…

Quem nos apresentou foi o projeto amigos pr’a vida.

Começámos por sair. Fomos ao cinema. Depois começámos a passear. Depois passámos fins de semana. Depois férias. Com ele fazemos os tpc (ele não gosta nada!).

Num futuro post, hei-de falar-vos das primeiras vezes. Porque com estas crianças (e mesmo com os jovens), há tantas primeiras vezes. A primeira vez que comeu cerejas ou pêssegos. A primeira vez que teve um quarto só para si. A primeira vez que foi ao Algarve. A primeira vez que viu neve (isso foi há uma semana). A primeira vez que aprendeu a andar de bicicleta. A primeira vez que apertou os sapatos sozinho. A primeira vez que deu umas braçadas autónomas numa piscina. A primeira vez que foi aos escorregas aquáticos de um parque de diversões.

Também vos hei-de falar de como é bom ver uma criança a ficar mais rosadinha, ainda mais risonha (este menino é sempre muito bem disposto), de como rapidamente se habitua a que lhe contem uma história antes de dormir, aos abraços, colinho, aos gatos da casa…

Temos as nossas dificuldades. É difícil convencê-lo a comer comidas que nunca provou, não tendo o palato habituado a muita variedade. E os estudos… ui! Temos sempre uma pega antes de ir tratar do assunto. E os amúos, também acontecem. Às vezes achamos que uma coisa que para nós é espetacular, também havia de ser para ele. Mas não é. Não está habituado, não gosta. Há que gerir as nossas próprias expectativas: idealizámos uma determinada situação, em que a criança iria ficar fascinada e em vez disso é um desastre. Eu diria que é melhor descontrair e ir vivendo o quotidiano.

A nossa situação jurídica ainda não está definida. Já fomos a tribunal, mas ainda não está resolvido. Nem sei se o tribunal realmente decretará o apadrinhamento civil. Não darei detalhes, pois dessa maneira seria possível identificar os intervenientes e consideramos importante manter a reserva nesta matéria, como sabem.

Quando houver desenvolvimentos, aqui vos darei conta.

O que vos quero dizer é que nesta jornada há muitas reviravoltas. E que não podemos estar num caminho destes com expectativas disto ou daquilo, porque aí surgirão frustrações. Acima de tudo, não é algo para se fazer por “pena”. Tem de haver paixão pela criança ou jovem, que se desenvolva em amor verdadeiro. Porque vão haver momentos difíceis, sempre. Sem afeto verdadeiro, não vejo que possa haver sucesso. E com franqueza vos digo a minha opinião: não se gera afeto com qualquer um. Acredito que não sentimos empatia por todos os seres da mesma maneira. E para um apadrinhamento civil resultar, julgo que a empatia, a identificação com o outro, são essenciais.

Depois da jornada que fizemos até aqui, continuo a achar que é necessário um tempo de conhecimento mútuo antes de se avançar. Para isso, o voluntariado é essencial. Uma associação como a Amigos prá vida é uma excelente ajuda também, para nos apoiar com a sua experiência.

 

https://apadrinhamentocivil.blogs.sapo.pt/como-tudo-aconteceu-12349